Viva os musicais que estão a todo
vapor em cada teatro do Rio de Janeiro contando a história de Elis Regina,
Cazuza, Gonzagão ou, ainda, fazendo referência à obra de Chico Buarque ou às marchinhas
de Carnaval, ou seja, há musicais para todos os gostos. Ainda bem.
Já
escrevi artigos enaltecendo "Elis - A Musical" e "Cazuza - Pro
Dia Nascer Feliz" que são imperdíveis e irretocáveis e vou continuar a
visitar os teatros para escrever a respeito das obras apresentadas.
"Gonzagão
- A Lenda" está no hall dos já citados acima e o elenco brilha em atuações
perfeitas, superando as expectativas, fazendo o público viajar pelo universo
nordestino, brasileiro de Gonzagão. Não há o que se falar muito, pois só mesmo
vendo para se maravilhar com interpretações excelentes de Adrén Alves, Alfredo
Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Larissa Luz, Marcelo Mimoso, Paulo de
Melo, Renato Luciano e Ricca Barros. Mais destaque dou a personagem Samarica
Parteira, interpretada por Paulo de Melo e a Santana de Adrén Alves, que faz o
ator Eduardo Rios mostrar seu bumbum em uma cena hilária. Excelentes são as
vozes de Marcelo Mimoso, Alfredo Del Penho, Larissa Luz e Adrén Alves. De
arrancar lágrimas da platéia são as canções "Assum Preto" (Luiz
Gonzaga e Humberto Teixeira) e "Sangrando" (Luiz Gonzaga Jr.), que
estão divinas. O espetáculo vai viajar pelo Brasil a partir da semana que vem e
aconselho a ficarem atentos às datas para não perderem de jeito nenhum este musical
de João Falcão.
Para
conferir as datas, basta segui-los no Facebook, no link:
Gonzagão - A Lenda
Vocês podem conferir trechos de
"Gonzagão - A Lenda" aqui:
Já
o musical "Sassaricando - e o Rio inventou a marchinha" com direção
de Cláudio Botelho é para os que curtem as marchinhas de Carnaval, como o
próprio nome diz, mas ao longo do espetáculo se torna cansativo e para quem não
conhece ou não viveu essa época, acaba sendo um pouco "chatinho",
embora esteja na sua oitava temporada de sucesso. Destaque para os grandes
Eduardo Dusek, Inez Viana e Alfredo Del Penho (que também está em Gonzagão - A
Lenda).
Cláudio
Botelho e Charles Möeller, dupla dinâmica de excelência em musicais, assinam
"Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos", mas desta vez, ao
contrário das críticas que já li, fiquei completamente irritado com as
interpretações exageradas de Soraya Ravenle, porque Chico Buarque por si só já
é denso e intenso em suas canções e há uma linha tênue para se perder a mão e
ela conseguiu esse exagero enorme (e não é pleonasmo) com mãos, gestos e
palavras mastigadas, chegando a "cannnnnnnnsar o oooooouvido de
quemmmmmmmmm assssssssssiiiiiiste".
Cláudio
Botelho desliza muito e desafina bastante ao longo das músicas e quando interpretou
a canção "Beatriz" (Edu Lobo e Chico Buarque), do musical "O
Grande Circo Místico” (1983), cometeu o maior deslize deste dia e cheguei a
fechar os olhos com tamanho erro de afinação. Como ator ele é excelente
dirigindo.
Lilian
Valeska e Renata Celidonio também estão na onda do exagero, com um tom a menos
da Soraya Ravenle. Os talentos de Estrela Blanco e Davi Guilhermme se perdem no
meio de canções exageradamente interpretadas pelos outros, com exceção da Malu
Rodrigues que não passa emoção alguma, parecendo uma boneca Barbie no palco,
apesar de ser afinada. Felipe Tavolaro é apenas mais um no palco. Seria
algum deslize de direção?
Quanto
ao espetáculo em si, de zero a dez, dou nota cinco, porque "Pedaço de Mim”
(Chico Buarque), da peça “Ópera do malandro” (1978), com as luzes de lanterna,
"Ciranda da Bailarina" (Edu Lobo e Chico Buarque), outra canção do
musical "O Grande Circo Místico” (1983), com os berços e "Geni e o
Zepelim" (Chico Buarque), também composta para peça “Ópera do malandro”
(1978), com as placas, teatralmente falando, ficaram excelentes em cena.
E
as visitas aos teatros vão continuar para deixar aqui as dicas de quem quer curtir
um bom espetáculo musical.
Por: Alexandre Calladinni e Henrique Bassani
Por: Alexandre Calladinni e Henrique Bassani