Homofobia no hipermercado Extra

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Jovens que faziam compras no supermercado Extra do Shopping Aricanduva, na Zona Leste de São Paulo, na última segunda-feira, dizem ter sofrido discriminação no estabelecimento depois que dois meninos do grupo trocaram um “selinho”. Em nota, a rede de supermercados diz que o funcionário que teria repreendido o casal gay será mantido afastado até que o caso seja apurado.






Tiago Freire Galharde, de 27 anos, filmou a discussão de seus amigos com um funcionário do hipermercado que teria abordado os jovens logo após a troca de carinhos.
“Aqui não é lugar para vocês se beijarem nem se abraçarem não”, afirma, no vídeo, o funcionário.
“Vocês podem ficar à vontade desde que não façam nada obsceno”, completa ele, em outro momento do registro.
Já quando uma amiga das vítimas pergunta se o beijo seria bem aceito se tivesse sido dado por “um homem e uma mulher casados há anos com um filho do lado”, o profissional, que não foi identificado, responde: “Isso, exatamente”.
Por telefone, o autor do vídeo já foi compartilhado mais de 1.300 vezes no Facebook conta que o casal de amigos apenas “se abraçou e deu um beijo rápido”, antes de alguns membros da equipe do mercado se aproximarem e dizerem, em voz alta, que ali “não era lugar para fazer baixaria”.


— Expliquei que não estávamos fazendo nenhuma baixaria, que era só uma demonstração de carinho normal, então peguei o celular e comecei a gravar — lembra Tiago, que trabalha em um pet shop em Higienópolis. — O funcionário que aparece no vídeo disse que um casal hétero poderia se beijar sem problemas, mas que ali não era lugar para gays se beijarem.
Segundo o rapaz, diversos seguranças começaram a se reunir em volta do grupo quando a discussão ficou mais intensa.

— Nos sentimos acuados e resolvemos ir embora — conta o esteticista veterinário.


Desde que o vídeo com a denúncia começou a circular pela internet, advogados de organizações LGBT entraram em contato com Tiago para oferecer orientação legal e informá-lo de que seus amigos poderiam registrar um boletim de ocorrência na Decradi, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, próxima à estação da Luz.


— Moramos perto do supermercado e temos medo de retaliação. Por isso, ainda estamos decidindo quais providências tomar — comenta Tiago, que também prefere manter em sigilo os nomes dos dois amigos envolvidos no incidente. — No vídeo, o funcionário diz que, depois de bater o cartão, ia dar sua opinião do lado de fora. Nos sentimos ameaçados.
A lei 10.948/01, do Estado de São Paulo, pune a prática de discriminação em razão de orientação sexual. Segundo o texto, “proibir a livre expressão e manifestação de afetividade” de homossexuais pode gerar multa de até R$ 3 mil, suspensão da licença estadual para funcionamento por 30 dias e até cassação da licença estadual para funcionamento.
Em nota, a rede de supermercados informa que o assunto está sendo avaliado para que sejam tomadas as medidas devidas e que o funcionário envolvido no caso será mantido afastado até que se apurem as responsabilidades.
“O Extra esclarece que repudia qualquer ato discriminatório e pauta suas ações no respeito à diversidade. A rede ressalta que qualquer ação contrária a essa política, se realizada, está em total desacordo com o Código de Conduta da Companhia”, diz o comunicado.


Fonte: OGlobo



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